Texto 1: Coluna da sustentabilidade

‘As lentes da sustentabilidade em nossas atividades’

 

Autores: Equipe NUPS
Tadeu F. Malheiros (coordenação)
Amanda Francieli de Almeida (Doutorado PPGSEA EESC/USP)
Danielly de Andrade M. Freire (Mestrado PPGMPROASAS – FSP/USP)
Heloísa Pimpão Chaves (Doutorado PPGSHS EESC/USP)
Júlia Dedini Felício (Mestrado PPGSEA EESC/USP)
Luís Otávio do Amaral Marques (Mestrado PPGSHS EESC/USP)
Nayara Luciana Jorge (Mestrado PPGSEA EESC/USP)
Rafael Santos Carvalho (Mestrado PPGSHS EESC/USP)
Thalita Salgado Fagundes (Doutorado PPGSHS EESC/USP)
Thelmo de Carvalho T. Branco Filho (Pós Doutorado IEA – USP)

 

Este texto inaugura nossa coluna científica sobre sustentabilidade.  O ambiente de otimismo permeará nossos estudos de casos, buscando trazer exemplos de sucesso e proativos. Sem deixar a visão crítica, peça chave para o estabelecimento de caminhos sustentáveis, nossa coluna quer incentivar o diálogo construtivo em ambiente de permanente aprendizado. A definição mais difundida do conceito de desenvolvimento sustentável é “o desenvolvimento que atende às necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de terem suas próprias necessidades atendidas” (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1992). A construção do termo desenvolvimento sustentável veio acompanhada de muitas vozes e bandeiras, mas não de tantas mãos, e menos ainda de ampla representatividade. É preciso ampliar a participação. Assim, convidamos vocês para lerem na nossa coluna relatos de experiências que lograram envolver a sociedade civil,  governos, empresas e universidades, em projetos e ações de transformação para sustentabilidade. No contexto da discussão desse tema, destacamos o Professor Robert Gibson, da Universidade de Waterloo no Canadá, que propõe uma lista com 8 princípios que ajudam a dar mais concretude a este termo tão amplo da sustentabilidade. Estes princípios são: 1. Integridade do sistema socioecológico [Construir relações sociedade-ambiente que estabeleçam e mantenham a integridade dos sistemas socioambientais em longo prazo, e protejam as funções ecológicas que são insubstituíveis e das quais dependem a vida humana e a qualidade ambiental]; 2. Recursos suficientes para subsistência e acesso a oportunidades [Garantir que cada indivíduo e cada comunidade tenham sustento suficiente para uma vida digna e que todos tenham oportunidade de buscar melhorias de forma a não comprometer a capacidade de sustento das gerações futuras]; 3. Equidade intrageracional [Garantir que suficiência e oportunidade de escolha estejam sendo buscadas para todos de modo a reduzir lacunas entre os ricos e pobres (de saúde, segurança, reconhecimento social, influência política, etc.)]; 4. Equidade intergeracional [Favorecer opções e ações no presente que são mais passíveis de manter ou aumentar as oportunidades e capacidades das gerações futuras a viver sustentavelmente]; 5. Manutenção de recursos naturais e eficiência [Proporcionar uma base maior para garantir meios de subsistência sustentáveis para todos, enquanto se reduz ameaças em longo prazo para a integridade de sistemas socioambientais, evitando resíduos e reduzindo o consumo de matéria e energia]; 6. Civilidade socioambiental e governança democrática [Criar capacidade, motivação e inclinação em indivíduos, comunidades e outros órgãos de decisão a aplicar requisitos de sustentabilidade, por meio de decisões mais abertas e baseadas em boas informações, de estímulos à conscientização mútua e à responsabilidade coletiva, e do emprego de práticas mais integradas em decisões administrativas, de mercado e pessoais]; 7. Precaução e adaptação [Respeitar incertezas, evitar os riscos de danos graves ou irreversíveis, para os fundamentos da sustentabilidade, mesmo que sejam pouco compreendidos. O planejamento deve ser voltado à aprendizagem, deve haver preparo para situações de surpresas, e desenvolver gestão adaptativa]; 8. Integração entre situação atual e de longo prazo [Aplicar todos os princípios de sustentabilidade ao mesmo tempo, buscando benefícios mútuos e ganhos múltiplos]. Para quem tiver interesse neste modelo e sua aplicação, sugerimos a leitura do artigo “Sustainability assessment of sugarcane-ethanol production in Brazil: A case study of a sugarcane mill in São Paulo state” (https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2013.02.011). Outros autores trazem modelos diferentes que também buscam estrutura um significado para este termo, e aqui destacamos os textos da Donella Meadows, em especial o que trata dos pontos de alavancagem, com abordagem para o aceleramento da transição para maior alinhamento com a sustentabilidade. Esses, e vários outros modelos, são importantes, pois ajudam a construir ferramentas de apoio à decisão, como os sistemas de indicadores de sustentabilidade, dentro da abordagem da Avaliação de Sustentabilidade – AS. O campo de estudo da AS trata da inserção da questão do desenvolvimento sustentável nos processos de tomada de decisão e tem recebido principalmente contribuições de estudiosos e praticantes. É um campo de conhecimento obrigatório na elaboração de processos de avaliação e comunicação no contexto da sustentabilidade. Nesse âmbito, sugere-se a leitura do texto “Carla Grigoletto Duarte & Tadeu Fabrício Malheiros. Avaliação de Sustentabilidade e Gestão Ambiental. In: Arlindo Philippi Jr; Marcelo de Andrade Roméro; Gilda Collet Bruna. (Org.). Curso de Gestão Ambiental – 2ª edição atualizada e ampliada. Barueri: Manole, 2014, p. 883-902.”. Da ideia para a prática, estes modelos trazem uma base concreta para pensar e atuar na sustentabilidade. Assim, os textos de discussão desta Coluna de Sustentabilidade usarão estas lentes, aplicadas aos seus estudos de caso. Não necessariamente o modelo estará explícito, mas sim, as conexões necessárias no campo da avaliação da sustentabilidade.